Papada

De quando em quando

Enquanto em encanto

Alquebra-se em pranto.

Alquebra-se jovem e senil

Sob o pranto que transborda

E transgride a esfera sem borda.

De quando em quando

Nota-se valoroso

Relembra a sã paixão

Da adolescência idealista

Perde-se no eu passado

E faz trampolim ao eu remoto.

De quando em quando

Nota o mundo pavoroso

Recorda-se das dores mais pungentes

Ah as dores mais pungentes ele sofrera

E elas eram o crucifixo do comodismo

O planger era pelo homem que se perdera.

Sofrera antes por si

Por seus próximos

Mas quando enfim descobriu

Qual era vera a pior das dores

Engasgava em mordaças

Via o homem de frente à televisão.

Sofrera muito por si

E por seus chegados

Mas a dor mortal era pelo homem

A escarra tenebrosa era o medíocre

Ai como chorou então pelo homem

E como aprendeu a desprezá-lo.

E por desprezar ao homem

Aprendeu amando a mandá-lo

Mandando então em si

Mandou-se à virtude

Aos raios que nos partam

Ordenou o fim da ordenha

O fim do ordenado.