Metal, sonho e poesia
Estou dentro de mim.
E nessa clausura solitária
[fria e escura,
engendrei-me noutra criatura:
Com mesma cara de pouco riso,
[e mesmo siso;
Traçando o mesmo itinerário,
usando a mesma velha calça rota,
[e sem guarda-roupa;
O mesmo café, o mesmo pão passado,
[engolidos apressado;
A mesma rotina de suor e cansaço
[de trabalho
O mesmo instinto errante notívago
[Nubívago
A mesma noite mal dormida...
[O mesmo cansaço...
E quem eu sou agora já não sei.
Não sei dizer, mas posso sentir:
Posso sentir um fogo queimando,
um líquido quente escorrendo pelos cantos
como fosse eu um metal sendo fundido.
Acho que estou sendo refeito em metal,
sonho e poesia.