Epírito da Mata
Epírito da Mata
Desenham as peles da mata orvalhada
na nua pele de minha alma selvagem,
embaladando peregrinação destemida
e raiando os rumos no sulco d'aragem!
A mata tem seu doce espírito avoengo,
encarna meu Eu Interior dos lamentos,
dos murmúrios sacros, oh doce chamego
d’um cantar inacabado nos pensamentos!
D’árvore à regueira do rio a alma saltita
e lépida se amarra aos fios de esperança,
em anelos celestes meu coração desperta,
cheio do cheiro agreste de cada andança!
São flechas meu pensar o alvo mirando
a eternidade, pressentindo rumo da seta
para regressar toda nudez ao meu bando
das mirras raras, do mar doirado violeta!
Logo ali, longe tão perto,não mais serei
personagem da tela dos sonhos amáveis,
que do espírito mágico das matas roubei,
como réu oculto nas passagens incríveis!
Tateando vão estes pés calejando sons
e adocicando de emoção meu jornadear
exultante em risos e choros,tantos dons
quanto possa desta selva minha florear!
Corto espaços, vôo, adormeço e cismo
se sonho é miragem ou do céu a chave.
Sonhar é uma sina que jamais lastimo,
a alma minha Sinfonia etérea já ouve!
Santos-SP-14/09/2006