Bruma infinita
Bruma infinita
Subitamente, soturnamente ela veio,
caminhando sobre mim, nas garras
da nostalgia, perambulando no meio
e nas beiras, desatando as amarras!
Como o pássaro cego e desamparado,
qu'ondula as vagas milenares e oscila,
adentrando o meu solário esburacado,
mansuetud’etérea no meu peito s’asila!
Não sei de onde e nem porque brota
em mim a semente desta bruma triste,
pondo-me a meditar, a cismar, quieta,
sorvendo grandiosa beleza reverente!
No palor sombrio das nuvens incertas
compartilho minha tristeza sem causa,
vagando como águas errantes,desertas
e me sinto um fiapo da maré amorosa!
Tristeza da velha saudade, primavera,
emoções ambulantes d’outros espaços,
de um sonho vão qu’um futuro espera
para raiar e estreitar largos abraços!
Essa tristeza candorosa é como se fosse
longo fio prolongando a gota d’orvalho,
que à cada alma magoada, mística,doce,
entrega o mais fundo sonhar sem trilho!
Pur’encantameno a estranha melancolia
angustiadamente essencial e formidável,
com longos raios ocultos na florescência
d’um mistério profundo, imponderável!
Santos-SP-13/09/2006