No inicio dos tempos...

No começo no inicio remoto dos tempos,,,

Onde nada existia ainda, nem um divino momento,

Onde nem mesmo o vento,

Soprava em silêncio, era apenas sonhado intento.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

Todas as coisas permaneciam incriadas,

E estranhas criaturas ainda eram sonhos de ventura.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

Repousavam todos os tempos em intervalos inacabados,

Nos gestos misteriosos, segredos, guardados, arquivados.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

Guerreiros adormecidos, felizes sem vitórias,

Ainda ensaiavam, incriados, suas histórias.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

Terras idealizadas, criaturas impensadas

Habitavam espaços brilhantes.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

Um clarão mágico rasgou o céu,

E da cortina divina desfez-se o véu.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

A primeira chuva da terra era de gotas de mel,

Escorrendo dos lábios molhados dos anjos.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

A primeira voz a ser ouvida foi a do vento,

A primeira estrela a brilhar, um extindo sol.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

Ouvia-se a música celestial, harmonia perfeita,

Concerto em sol maior, regido com maestria.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

No céu divinal, primeira geração de poetas,

Criação do amor, romance, primeira colheita.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

Nasceu de um enamorado coração,

De um poeta apaixonado, o verso de rima perfeita.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

Muito além do que a imaginação suspeita,

Adormece a criação e a poesia já espreita.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

Esperando que o verbo, a criação, jogue ao vento

As sementes ainda são sonhos em simples botões.

No começo, no inicio remoto dos tempos...

Amor, amor divina criação

Flor de inspiração, do poeta ainda embrião.