Para onde não é Pasárgada

Hei de partir

Vamos, Dante, leve minhas malas,

Estão pesadas e não disponho de forças.

Hei de partir, mamãe, sabes?

E estes olhos calados? De qual fonte nascera?

Vamos Dante, apressa-te, não há tanto tempo.

Mamãe, hei de partir! Mamãe?

A noite, que bela dama...

Quem roubou teus sorrisos, oh, noite?

Dante? Me abandonaste?

Dante? Mamãe? Mamãe?

Onde estão?

Há apenas a noite eterna

Lembrando-me que por lá,

Donde virão minhas dores,

A solidão é como o céu...

Os lençóis de Hades me procuram,

É tempo de agasalhar-se, mamãe...

Sempre me dissestes: "Cuidado com o frio!"

Os laços da consciências afrouxam-se

Meus olhos vagueiam o espaço

Dante, minhas malas.

Mamãe, sede forte,

Te farei céu no reverso do concreto

E ai, mamãe, não quero mais

Pelo eterno que terei

Ver os olhos tristes da noite alva.