Sinfonia a quatro mãos
Silencioso dia a me cingir em seus teares,
que tramam fios, coloridos e invisíveis;
Enquanto dos plátanos as folhas de inverno
caem e se arrastam ao sabor do vento frio.
De que inspiração foste tecida diva dos altares?
Nessa revolução recaída de profunda desolação.
Hei de reerguer-te com a força de mil alteres;
Pois intempéries jamais contê-la conseguirão.
Com sempre-vivas adornei meus alabastros.
Quando te foste, levaste contigo meu coração.
Os beijos da chuva não demoraram a chegar,
E a transmigrarem-se em novas emoções.
Vejo flutuar a leveza dos teus sentimentos.
Não suporto vê-la triste irmanada á solidão.
Perceba minhas lágrimas em comum união.
Páginas mudas pela ausência da expressão.
Crepita o fogo, esquento a água e bebo o vinho.
Aqueço a alma, olho as espigas, esqueço a mágoa.
O piano emudeceu, em seu canto ficou sozinho.
Tudo arde e não tarda de se revirar o mundo.
Quando quer a centelha se busca pela paixão.
A música está entoada nas células da tua pele.
Amar é uma viagem num caminho indecifrável,
sinto fome de tua boca, e estou sedenta de teu amor.
O cheiro do crepúsculo traz com ele uma saudade.
Haveremos de desvendar tão ardiloso mistério;
Com o diapasão sonoro do frigir dos nossos lábios.
No melódico encontro eterno das nossas almas.
Dueto: Arlete Brasil Deretti Fernandes e Hildebrando Menezes
Assista ao poema em vídeo:
Sinfonia a quatro mãos – Edição de Enise
http://www.youtube.com/watch?v=_u6XpjWirDY