METAMORFOSE

METAMORFOSE

J.B.Xavier

Eu, que me reconstruo a cada dia,

Destruo-me a cada reconstrução

Pelo prazer puro da simples renovação

E pelo delírio da visão que me delicia:

Estar ruindo e me reerguendo em incessante

Ciclo de inatingíveis perfeições

Onde, pelo menos os libertos corações

Possam se reencontrar a cada instante...

E sigo desfazendo-me e me reintegrando

Abandonando causas e novas bandeiras erguendo

Ao mesmo tempo, sendo a antítese do que pretendo,

E me transformando de vendaval em cálido vento brando

Sou essa instável coerência,

Essa premonição esperada, essa cegueira branca

Esse fio do tempo que o presente estanca,

Essa finita eternidade da construção da decadência...

Queres me seguir? Segue-me em minhas mutações,

Se sou flor, transforma-te em perfume,

Se sou claridade, transforma-te em negrume...

Se sou música, torna-te canções,

Porque sou metamorfose, brisa e furacão,

Transformo-me no novo e destruo em mim o antigo...

E sendo de mim mesmo amigo e inimigo,

Ao destruir-me sou também minha própria reconstrução...

* * *

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 05/07/2010
Código do texto: T2358987
Classificação de conteúdo: seguro