Graduação de uma alma

Um não-sei-quem,

Um não-sei-como,

Um escuro sem amanhecer,

Com deslizes um ser assombra.

Fantasmagoria entorpecida

Estranho gnomo

Fardo malicioso

Precioso pomo.

Do altíssimo infinito

Reluziu esse espectro

E, em ermos jardins,

Frutificou desertos.

Sombra e luz ocasionais

Gemidos distantes por demais,

Assombro inebriante,

Fumaça cinzenta, inquietante,

Passageiro errante,

Divino império decadente...

Transeunte do infinito,

Ser proscrito,

Enviado de mundo desconhecido,

Passé!

Tudo passa, terror bandido.

Insepulto estivera

Inumado estás agora

Vá adiante, vulto segredado.

Seja o que for,

Parta levemente.

Ao teu sofrer sagazmente esquecido

Faça brotar reluzente brilho,

Pois no paiol de tua esperança

Já não mais há para ti asilo.

Coragem, cavaleiro sombrio!

Que o vento o arranque para qualquer recinto

Onde nenhum ser maldito

Possa achá-lo escondido.

Se assim for,

Os sonhos que gozou ou gozará,

Sem bendizer ou amaldiçoar,

Os lusco-fuscos os farão presentes.

Arremesse-se macio, doce, breve.

Voe em paz,

simples, honesta, sinceramente!

Com beijos de luz,

Isa Resende
Enviado por Isa Resende em 21/06/2010
Reeditado em 21/06/2010
Código do texto: T2333651
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