Talvezes

o homem talvez

contemplando-se a si como a qualquer coisa contemplavelmente contemplante

o homem talvez

um ruído cintilante lancinante nas marés supergalácticas

o homem talvez

um sonho eterno matriz dum cosmos todo a si somente

o homem talvez

um gatuno em deletrear vilipendiosamente aglutinante

o homem talvez

uma troça de toda pretensa parametrização de instinto e concórdia

o homem talvez

uma roda gigante estradas afora contando alegrias em sorrisos únicos

o homem talvez

uma valsa extremista sujeitando ao calvário toda lastimosa conformidade

o homem talvez

um vulcão incontrolável responsável pela manutenção de sua estapafúrdia essência cristalina

o homem talvez

uma linha, uma linha sem aparente rumo definido, nascida num talvez e então espiralantemente decretada ininterruptível pelo conluio desbragado de toda redenção

o homem talvez

uma esfera intangível de raio infinitesimal em emoção sorrateira pregando sobre a prezada previdência

o homem talvez

um meio bruxo meio tímido

o homem talvez

um jovem crendo n'O Grande Mistério se fazendo leve como a brisa abraçando todo toque do coração

o homem talvez

um medo duma rabugência previsivelmente prevista pela noção preponderantemente pastiche do solilóquio inevitável

o homem talvez

a superação de todo medo da morte

o homem talvez

um segredo novamente viajando árvores adentro

o homem talvez

suas próximas gerações, que, Deus os guarde, venham como vierem, virão em apuros