O que somos?

Corpos

Semi vivos, semi mortos...

Há tantos inteiros, mutilados

Há tantos meios que são cheios,

Há corpos

Pra todo lado...

Nas cidades, nas ruas,

Nos campos, nos cemitérios...

Corpos

Esbeltos, saudáveis, bem tratados

tonificados...

Corpos plastificados, siliconados...

Ou adoecidos, entorpecidos

Embriagados,

Trôpegos a perambular...

Corpos obesos,

Magros corpos...

Todos têm fome

De carne... de afeto

A fome consome o homem

a mulher, por completo...

Corpos sofridos... desnutridos,

Descuidados... farrapos

Corpos a esmo

Quase inertes, quase sérios

De vazios desejos

Corpos...

Perdidos em seus

Mistérios...

Peregrinos a mutilar-se...

O que querem de si extirpar?

Sonhos, pedaços...

Desejos?

Somos quase trapos

Destroços a vagar...

Almas sequiosas...

Sem amor, sem amar

Histórias sem

Poemas...

Vazios

Envelopes

Sem endereço,

Sem destinatários...

Carregadores errantes

De dores... e de cicatrizes

Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 10/06/2010
Reeditado em 11/06/2010
Código do texto: T2312644
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.