O que somos?
Corpos
Semi vivos, semi mortos...
Há tantos inteiros, mutilados
Há tantos meios que são cheios,
Há corpos
Pra todo lado...
Nas cidades, nas ruas,
Nos campos, nos cemitérios...
Corpos
Esbeltos, saudáveis, bem tratados
tonificados...
Corpos plastificados, siliconados...
Ou adoecidos, entorpecidos
Embriagados,
Trôpegos a perambular...
Corpos obesos,
Magros corpos...
Todos têm fome
De carne... de afeto
A fome consome o homem
a mulher, por completo...
Corpos sofridos... desnutridos,
Descuidados... farrapos
Corpos a esmo
Quase inertes, quase sérios
De vazios desejos
Corpos...
Perdidos em seus
Mistérios...
Peregrinos a mutilar-se...
O que querem de si extirpar?
Sonhos, pedaços...
Desejos?
Somos quase trapos
Destroços a vagar...
Almas sequiosas...
Sem amor, sem amar
Histórias sem
Poemas...
Vazios
Envelopes
Sem endereço,
Sem destinatários...
Carregadores errantes
De dores... e de cicatrizes