Profano
Asas sujas cobrem o dorso,
Inerte, aprazível e roto
Perecido ao solo atroz
De dúbio olhar divino.
Cingido por avejões calados,
A voltarem por vias vazias
Dum tempo já esquecido.
Tortuoso pomar de memórias
Mostra seus galhos secos
Quebradiços ao toque de dedos
Dos ventos que sopram ilusões.
Sente nos lábios, o gosto febril
Da dama que chega silente,
Em vestes longas e negras
Beija-o com boca tão fria,
Deixando seu corpo dormente.
Rio de Janeiro, 02 de Junho de 2010.