Trabalho da Alma
Todo trabalho é bendito.
Mesmo que as luzes
da evidência nos façam pequeno,
Pois que o labor humilde
é tão grande quanto o mais vistoso.
Não nos enganemos as boas árvores
não são apenas as mais belas.
Felizes são aquelas que mesmo rotas,
produzem frutos saudáveis.
Mas não confuda-se trabalho com servilidade.
Ser servil é muito diferente de ter prazer em servir.
Servir não por imposição,
não por falta de coragem para reagir,
Mas por boa vontade e dever da consciência é para os justos.
Que lembremos através disto que o Pai,
mais que servos deseja filhos.
E o filho é o que serve por amor ao servido
e não por temor rancoroso.
O Pai é força suprema que transforma o rebelde em servo.
Mas é na pedagogia da servidão
que a ignorância verte-se em saber.
E saber é razão e emoção ajustados,
é justeza que vai além da inteligência.
É reconhecimento, que só chega-se pelo perdão a si,
Que há de transforma-se em gratidão pelo perdão do Pai.
Maior pecado que blasfemar com a boca,
é fazê-lo com o coração.
Assim só chega a Deus,
quem ter franqueza suficiente de questiona-lo,
Mas que a mesmo tempo creia-o
como supremo bem evolutivo.
Infelizes daqueles que erguem altares
a própria inteligência apenas.
Pois que a inteligência é ferramenta
para desvendar ao Todo,
E não árido alimento para o ego
transbordar em arrogante onipotência.
Quem julga-se completamente forte,
em verdade é apenas inflexível,
É demente espiritual,
que julga a criatura superar ao próprio criador.
É louco que supõe num mero copo de água
caber a todo o Oceano.
É ao reconhecermos nossa vulnerabilidade,
que ganhamos verdadeira força.
É em nossa fraqueza que haveremos de descobrir
a real força que sustenta-nos.
É quando esgotados julgarmo-nos mortos,
que nos constaremos vivos.
E na ardente dor, vejamos por olhos cegos
que a vida esta além de nós.
A vida nos visita,
e quem de fato a tem nos doa incessantemente.
É grande luz que fragmenta-se iluminando
os ínfimos pedaços de trevas.
Trevas das forças egocêntricas
que não bastando serem filhos,
Desejam ilusoriamente fazerem-se o próprio Deus.
Mas que não nos culpemos ante aos remorsos,
Que são como que água parada e putrificada.
Humildade não é humilhar-se,
não é destruir o ego, mas domar o orgulho.
Caritativo não é que despoja-se de tudo,
mas o sensato que dá sem vaidade.
E feliz é aquele que fez humildade ser caritativa,
pois em parte já é filho.
E nos filhos a compaixão
transforma-se em sereno dever de solidariedade.
Ser solidário não é para fracos de fé,
pois não poderá depender do reconhecimento.
E isto tudo porque amar não é ato impulsivo,
mas antes é dedicada perseverança.
E não nos enganemos querer ver nisto
ainda uma forma oculta de grandeza.
Pois só reconhecerá esta verdade,
quem nutrir-se pela gratidão ao Criador.
11/01/1998 – 20/01/2002