As Exigências do Costume
A menos que fosse me dar
o troco daquilo que usa.
No meio em que não se lambuza
Ameno que é Resedá.
Chegou com o sol muito quente.
Na trilha deixou o bastão.
No meio da desunião,
chamou e uniu muita gente
Com cara de quem não duvida
ninguém pretendeu se atrever.
Era melhor não correr
o risco da sorte perdida.
A face da honestidade
foi logo o que ele mostrou,
Enquanto nos anunciou
que vinha dizer a verdade.
O que não pegou muito bem.
Verdade não se anuncia.
Ninguém terá a primazia
de ser muito mais que alguém.
Mas ele falou muito sério
e até acabou convencendo.
Num jeito que a gente ia vendo
que não tinha muito mistério.
E veio a feliz comoção
na evolução, nos assomos
daquilo que ainda não somos,
imagem de alguma invenção.
Suspeito e até atrevido,
eu quis gargalhar sem fingir.
Eu quis me vingar, me iludir
de que nunca tinha sofrido.
No meio de muita alegria,
alguém desfraldou a bandeira.
Aí tive a chance primeira
de ver que eu não me iludia.
E vi que na minha lembrança
faltava que ela surgisse.
Pra que eu nunca mais desistisse
de agir como uma criança.
E aí ele veio com a dança
e o ronco de seus instrumentos,
fazendo daqueles momentos
a soma da minha herança.
Não sei se me acho agora
que aquela bandeira partiu.
Só sei que ela não me incluiu,
ou se eu é que não fui embora.
Rio, 04/11/2005