Ilusão *
A cultura pesa nos ombros das crianças...
Vivendo no seu mundo divino,
ainda não têm a noção do seu real peso.
Crescem com sonhos,
que mais tarde lhes dizem ser irrealizáveis.
Porquê tanto estudo?
Porquê tanta pressão em seus pequenos ombros?
Olhem para o mundo...
Devíamos de ser nós a entrármos nos seus sonhos
e não eles nos nossos pesadelos!
Resgatemos então nossos velhos sonhos perdidos
de forma a emitirmos todos em conjunto a mesma vibração.
Vibrações que nos elevem à consciência social colectiva
que tanto se procura
desde as grandes civilizações da antiguidade.
Não deixemos que a Razão cresça
com os olhos das emoções inferiores.
Fertilizemos o nosso Espírito com Paz,
de forma a que esta se projecte na nossa vida pessoal
e por conseguinte no nosso espaço colectivo,
este pequeno planeta suspenso neste imenso universo.
Não o transformemos numa instituição psiquiátrica
com as nossas diferenças.
Que estas não empobreçam
mas sim enriqueçam esta nobre e velha Mãe Terra
que nos observa com seus olhos maternos.
Desculpa-nos toda a destruição!
Estaremos nós perdidos em nossos espíritos,
que já não observamos Teu choro,
nem oiçamos Teus lamentos
nas vozes dos nossos irmãos animais?
Mãe Gaia,
nascemos da Tua sabedoria
e perdemo-nos nas nossas conquistas pessoais
que nos afastaram de ti
sem nos apercebermos que se não travarmos o nosso Ego
estaremos a ditar a Tua sentença de morte?
Que somos nós neste universo
senão um pequeno átomo de vida
e que, como uma bomba atómica,
destruímos quem nos fez nascer?!
Lembremo-nos da nossa divindade como parte de um todo...
Deixemos que os nossos espíritos se iluminem
para que cesse esta busca insana e cega
de uma divindade que já existe em nós.
Acreditemos naquilo que somos
e não naquilo que gostaríamos de ser.
Talvez assim possamos sarar as feridas
que a humanidade se inflingiu
destruindo a nossa ligação à Natureza.
Deixemos pois as crianças sonhar
e tiremos-lhes esse peso dos ombros.
pois esse peso não é uma verdade absoluta
mas sim uma absoluta ilusão.