Soneca
Deita na rede... o corpo cansado
A princípio parece não relaxar
Tem ondulações na alma
Mas pouco a pouco os braços vão cedendo
Descansa as pernas, os olhos fecham
As pálpebras pesam, pesam...
Estremece o vento
Um cavalo branco
E uma menina a galopar
O vestido é vermelho de bolinhas azuis
No riso da tarde
Por cima das nuvens
Os pés andam por maravilhas de flores
Sobre algodão-doce
Tapetes que voam
Animais aparecem desaparecem
Escondem-se em lugares invisíveis
Chamam-na de longe de perto
Em jardins silvestres
Na frescura da manhã
E uma borboleta amarelo-ouro...
O corpo parece flutuar dentro da rede
Encaixa-se naturalmente no sonho
Mas o sol anda... anda
Um buraco na telha deixa
Passar um raio caindo
nos olhos que brincam...
A mulher acorda.