Debarte
A luz vem da treva
Então não será a treva
A luz original?
E o que é o dourado
Se pros pássaros
O preto é prata?
Quem desabrevia
As mágoas supressas
Desta tirania incremental?
E quem sente com a mente
O sentimento que não mente?
Quem ainda lembra
Que o mais importante
Costumava ser o tempo
A liberdade da estrada?
Aonde estamos
Praonde vamos
Se alguém sabe
Está guardando pra si.
Quem somos
De onde fomos
Se descobriram encobertaram
Ou quem tentou falar
Calaram.
Ai o slow motion da clareza
Santificada seja a lentidão do circunspecto
Resguardem sob treze chaves
A nostalgia do vigor
A letargia do calor.
Dê-me a sauna
E então o mergulho gélido.
Dê-me o sonho impossível
E então a nua e crua
O desejo inapto
E o eterno inédito
O inevitável.