SUSPIROS
SUSPIROS
Joyce Sameitat
Suspiro junto com as rajadas de vento;
Que chegaram agora aliviando o calor...
Fazem par com um céu bem cinzento;
Balouçando a folhagem ao seu sabor...
Meus olhos quais nuvens bem dispersas;
Sonham que querem sonhar as avessas...
Sapateiam sem parar dentro do coração;
Querem acordá-lo, parece que em vão...
Ele anda muito cauteloso e não tem pressa;
De entrar numa canoa furada e sem visão...
Ama com força mas agora apenas observa;
Deixando-se nas mãos suaves da inspiração...
O vento vai arrepiando meus sentimentos;
Já estavam com saudades do novo tempo...
Que lhe é bem mais agradável que o calor;
Quentura agora só aceita se for a de amor...
Escorrego pelos galhos das árvores que balançam;
Enchendo-me de ternura pelas folhas tão macias...
As mudanças da natureza simplesmente encantam;
Seu magnetismo me apaixona mais do que deveria...
Como quem não quer nada o vento murmura:
-Bem que você neste exato instante poderia...
Ser como que uma nova e grande aventura;
Criar em você por instantes uma outra fantasia...
Voar comigo veloz deixando-se levar na loucura...
De preencher sua alma que parece meio vazia;
Todos os dias passearíamos por noites escuras;
Até encontrar um novo amor que te preencheria...
Ele ouvirá com certeza os suspiros teus;
Qual uma estrela ficará bem brilhante...
Dai poderás então por certo dar adeus;
A eu que sou vento e tão inconstante...
São Paulo, 18 de Maio de 2010