Série Personagem n.25
O ESCRAVO



E enxugo o meu suor,
esse que eu derramo
sobre pedras pesadas,
uma a uma carregadas,
da calçada para a nave
a erguer o monumento.

Na perda da liberdade,
não tenho a asa da ave,
e sei que a ninguém importa
a dor de minhas costas tortas.

E se eu tinha sentimento,
ele ficou sob o tormento
das chicotadas do feitor.

Minha família permaneceu
naquele país onde nasci,
e que como rei sempre vivi,
até eu que fui deportado
por mão de cristão e ateu.

Sendo menos que bicho,
nada possuo de só meu:
Chamado de tição e breu
sequer sou dono do corpo.

E enquanto ergo este nicho
(novo lar da bela imagem)
para Este que criou a paisagem,
eu, humano, apenas reclamo:

- De quem Você é deus?
***
Silvia Regina Costa Lima
5 de fevereiro de 2010





SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 13/05/2010
Reeditado em 14/05/2010
Código do texto: T2254612
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