Por onde ando em mim?
resto de lembranças
despisto pelo caminho
pedaços de surpresas, guardei tais pedacinhos
cacos de promessas, juras, ilusões
disfarces encobertos
detalhes
sabores
separações
um toque
seus olhos
meu corpo
onde foi parar meu coração?
disparo
não pisco
só sinto
pareço ter na garganta um turbilhão
desperdiço pensamentos
busco ar
não há vento
tão sem tempo
justo agora fui te conhecer
mãos ocupadas
atadas
despertenço
despenteio
não pontuo
deixo passar
já que não passas
já que no caminho eu volto
cato o que ainda há do resto das lembranças
pego os pedacinhos das surpresas que não são mais
quero as promessas, as juras
esbarro no destino
pertenço
penteio
pontuo
passo por tudo
não passas de mim
disparo
sou vento
sem rumo
sou cata-vento desgovernada
sou cais de porto desenluarado
desoriento pontos cardeais
roubo todas as cadências
desmancho as constelações
caminho sem pernas
lenta
sou poço de solidão
disfarço o improvável
e provo a mim mesma
que não guio nem meus passos
que dirá as decisões
e percebo, sou tão louca
já nem sei:
piso o teto ou piso o chão?