Por onde ando em mim?

resto de lembranças

despisto pelo caminho

pedaços de surpresas, guardei tais pedacinhos

cacos de promessas, juras, ilusões

disfarces encobertos

detalhes

sabores

separações

um toque

seus olhos

meu corpo

onde foi parar meu coração?

disparo

não pisco

só sinto

pareço ter na garganta um turbilhão

desperdiço pensamentos

busco ar

não há vento

tão sem tempo

justo agora fui te conhecer

mãos ocupadas

atadas

despertenço

despenteio

não pontuo

deixo passar

já que não passas

já que no caminho eu volto

cato o que ainda há do resto das lembranças

pego os pedacinhos das surpresas que não são mais

quero as promessas, as juras

esbarro no destino

pertenço

penteio

pontuo

passo por tudo

não passas de mim

disparo

sou vento

sem rumo

sou cata-vento desgovernada

sou cais de porto desenluarado

desoriento pontos cardeais

roubo todas as cadências

desmancho as constelações

caminho sem pernas

lenta

sou poço de solidão

disfarço o improvável

e provo a mim mesma

que não guio nem meus passos

que dirá as decisões

e percebo, sou tão louca

já nem sei:

piso o teto ou piso o chão?

AnaNunes
Enviado por AnaNunes em 12/05/2010
Código do texto: T2253343
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