Arquitentando

Ah louco estúpido

Vadio e seus espamos

De poeta salgado

Fedido como vulva e mar.

Ah louco eterno nobre

Aristocrata das migalhas

Sultão esquálido sob a ponte

Pianista sobre sua heroína.

Quantas vidas vives

Quantos mundos conheces

Vais além da opinião

És processo de formação

Inevitável alienação.

Se fosses doutro mundo

Ao aqui chegar

Certamente diria dos cheiros

Esta terra é feita de trigo

É feita de leite e lombo de vacas.

Se fosses doutro mundo

Diria dos cenhos

São todos infelizes

E só poucos sabem o dissabor

Da profana profunda noção de realidade.

Ai realidade fraudulenta

Escravizadora ladra

Usurpadora realidade inquebrantável

Ai planeta óbvio e incompreendido

Tuas esfinges já não atraem

Ninguém lasca mais o mármore

Esculpindo a verdade dolorosa.

Ó santo falastrão

Truculento e suculento

Quente e úmido como jazes

Inerte e comprenetrado

Em teu quintal aloprado

Como repousas ardente

E mudo

Vendo as estrelas correrem

As estações reciclarem.

Ó ignóbil inútil

De punhos soltos e dedos leves

Batedor de carteiras

Podias ser o beethoven renascido

Mas viciaste-te no cômodo

Amaste demais à ferramenta

E te esqueceste do crucial.

Esqueceste-te

De que cimento e tijolos

Enxadas e bricolas

Em lugar algum chegam

Sem planos pormenores

Sem a benção tranquila

Da atenção que ilumina.