O vácuo ululante de muitos

Contemplo meu lado obscuro

e percebo que, além de hermético,

é surdo.

Vou um pouco mais profundo

e noto também:

ele é mudo.

Aprofundo-me nesse mundo,

aos olhos de muitos, escuso,

e aventuro-me injetar nesse vácuo

uma insuficiência de tudo.

Por não conseguir despontar, concluo:

não é somente conteúdo

o urgente adubo desse reduto, mas

sonhos,

espera,

contentamento com pouco,

o simples duradouro,

aquilo que não se esgota em si próprio.

Volto, assim, ao meu lugar de aspirante,

sabedora, pois, do que é este ponto.

Na busca contínua, prossigo,

procurando obter, pelo menos um tanto,

que já será muito,

do que careço para sair do recinto

onde, há séculos,

encontro-me aflito.

Isa Resende
Enviado por Isa Resende em 08/05/2010
Reeditado em 09/05/2010
Código do texto: T2244780
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