CONTEMPLAÇÃO
Na praia deserta,
brincam de esconde-esconde
as Maria-Farinhas.
No espelho da areia,
duplica-se o silêncio,
reflexos de saudades de um paraíso distante.
A tarde se aquieta.
Ondas preguiçosas acariciam a areia.
Surfam as tatuíras. E depois se escondem.
Uma canoa abandonada.
Parado, o tempo. As sombras
se espicham. Alonga-se o meu pensamento.
Lentamente, o sol se põe.
Uma lua enorme e redonda,
emerge do mar imenso clarão.
Nas rendas de espuma branca
bordam-se reflexos
irisados de luz.
Pleno, o momento.
Em silêncio, com olhos de dentro,
medito.
Contemplo a beleza
de um lar prometido,
escondido dos olhos humanos.
Ondas de certezas vão e vem,
lambendo os meus pés.
Solitude, comunhão com o além.