Chuva que cai...
Quase me dá nostalgia
Este cenário molhado
Uma garoa tão fria
Respinga lá no telhado
Vejo as ruas em correria
Homens encharcados
Apressados durante o dia
Como estivessem assustados
E pinga a água bendita
Vazando constante do céu
Deixa-me um tanto aflita
Enquanto escorre ao léu
Quando cai demais e é muita
É aquele enorme escarcéu
Preocupa-me vê-la resoluta
O que vai ser do povaréu?
No entanto há beleza
Uma quase poesia
Talvez na própria incerteza
Que a chuva principia
Aí reside a sua sutileza
Por trazer tanta magia
A nutrir a plantação na certeza
Que vai brotar o fruto que sacia
Meu coração pulsa forte
Em suave sintonia
Parece que tenho sorte
Ao ouvir tal melodia
Combate certo à morte
Ou pelo menos a adia
É fartura de bom porte
A alimentar barrigas vazias
Toc, toc, gotejando
Em cadência sem parar
A chuva vai me lavando
Enquanto fico a cismar
Já estou me abrigando
Para quando ela chegar
Guarda chuva esperando
Que evitará me molhar
Dueto: Priscila de Loureiro Coelho e Hildebrando Menezes