Divagações do espírito
Queria ser da maneira mais simples
Queria não ser sensível
Queria ser interessante como os machistas
Queria não ser poeta, não entender Gilles Deleuze
Queria não idealizar o feminino
Queria não saber o que você pensa a meu respeito
Queria não filosofar acerca do amor
Queria não falar e não fazer
Lembrar do que eu dissera na embriaguez
Queria a sinceridade humana mais sincera
Queria não fazer análise tão profunda
Queria não entender o abismo, o nada
Não sentir o mundo com um sabor singular
Queria pensar minúsculo
Queria ser bronco com as palavras
Queria acertar na primeira vez
Apagar-me e ser aceso por você
Não absorver o misticismo espiritual de Fernando Pessoa
Queria não saber quem sou
Queria não amar o silêncio
Nem ser transcendental
Queria apenas ser eu
Nem mais, a todos, igual
Para que assim, eu pudesse ser compreendido
na minha múltipla carência convencional