Canis Diem

Não adianta

Preferem não saber

Optam pela ignorância

Todos os dias dizem amém

Ao estapafúrdio noticiário televisivo.

A verdade

Está lá fora

Cantou certa vez

A bossa da crueza.

Exasperam-me

Mas logo desisto

Me desleixo da opinião

Deixe que creiam na catequese

Que corroborem com todas as guerras.

O pensador

Pesquisador

O trágico e cômico

Cientista nato

Em seu rigor seu método

Tentava ajudar

Levantava a voz da clareza

Mas satirizavam-no

Mude-se pra cuba jamaica

Vá-se a samoas ou haitis diziam

Queremos a champagna de nova iorque

E riam-se a caminho do posto de vacinação.

Mas não há cura

Pra quem precisa de remédio

Salvam-se apenas os iletrados

Que dependem das moitas anciãs

Boldos e cidreiras.

Não haveria vingança

Nem recompensas

Não haveria justiça

Nem epifanias

Tudo seguiria seu curso.

De um lado os convictos

De ouvidos tapados

Vociferando da liberdade de expressão

E do outro lado

Os incertos

De bicos calados

E corações quietos

Buscando compreender a composição

O tom magistral da sinfonia implícita intermitente.