VENTOSO

VENTOSO

Joyce Sameitat

Clarões em reflexos circunspectos;

Delimitados pelo coração avoado...

São como que simples espectros;

Do que eu tenho neste dia pensado...

Luzes fogosas que saem da mente;

Até perderem-se em algum lugar...

E embora eu não me apoquente;

Onde será que elas irão parar?

Vasculho o céu ao meu redor;

Lá se vão mais luzes a brilhar...

Estou lá em cima e sou maior;

Do que aqui eu poderia ficar...

Pareço uma lanterna gigantesca;

Querendo o brilho dos astros imitar...

Mas que cena eu diria dantesca;

É esta em que fui me apegar...

Já duvido se sou terrena ou celeste;

Pois que me sinto apenas a flutuar...

Vejo passar só cenas campestres;

Como que se eu fosse delas o ar...

Nestas alucinações que me fascinam;

Vão os clarões aumentando mais...

Não sei se são estrelas que iluminam;

Ou se eu em meus processos mentais...

Dou por mim perto do mar estirada;

Como que reflexo de toda luz solar...

Percorro a mim própria bem admirada;

Não é neste lugar que deveria estar...

Talvez eu traga um quê de vento;

Dentro do meu eu mais profundo...

Saí a noite e sempre ao relento;

Dou comigo num canto do mundo;

Que por ora raramente freqüento...

Sou brilho celeste;

Em estrelas-do-mar...

Que sobe e desce;

Sem nunca parar...

É o que sinto dentro do coração!

Levemente ele me faz acordar;

Desta tão maluca alucinação...

É coisa que estive a sonhar;

Para a qual não há explicação...

Mas prossigo eu a ventar;

Tão forte quanto um tufão...

São Paulo, 19 de Abril de 2010

Joyce Sameitat
Enviado por Joyce Sameitat em 19/04/2010
Código do texto: T2206907