Arrarrarrarrarrarra...
Arrarrarrarrarra...
Esse é o meu deboche longe da máscara cortêz.
Ouçam-me, pobres surdos.
Eu não sou um poeta, mas sempre tenho algo a dizer.
Queiram ouvir, bandidos.
Saqueadores dos sonhadores antigos...
Desta vez não vim com métricas e rimas baratas...
Tampouco quero pular as linhas com versos desconexos...
As pautas merecem uma voz.
Portanto ouçam:
Desta folha caiada em que se permite riscar;
Deste papel impoluto em que a mão surpreende a vaidade vã...
A única e cruel de todas as coisas que amedrontam a Deus...
A querida e nunca sentida por completa;
A proclamada e burlada pelo cárcere do medo...
A liberdade!
Esta é a minha musa de todos os versos que mata o meu poeta...
Ela é a que me faz morrer antes de todos e viver longe daqui.
Poucos a conhecem e já se deitaram com ela...
Os medrosos nunca a terão em sua nudez libidinosa...
E nesta folha pálida em que há o seu nome,
Há também a minha voz presunçosa e incompreendida.
Fodam-se, malditos.
E seus medos os conduziram para o inferno...
E serão todos lançados para baixo como poeira da ampulheta;
Deixem suas cinzas para as árvores dos cemitérios
E fora do ataúde deixem a folha de papel com a voz ecoante...
Ouçam e se ousarem dizer gritem para que vocês mesmos possam ouvir...
Os fantasmas estão soltos querendo gritar...
Lancem-se também na noite e na brisa da manhã...
E no final risquem o papel outrora morto.
Aqui só se permite os que não têm medo
E os que têm algo a dizer.
Deus que me venha dar as nádegas para boas palmadas...
E as suas bundas levantem-na para correr.
Eu já estou aqui, pretensioso para ir mais longe.
E suas lentes embaçadas nunca os permitirão enxergar
Senão quando a própria liberdade quebrar os seus óculos.
E da emoção que restar agora, agradeçam-me.
Eu já ri o bastante.