Hipocracia
O louco
Lanou o linho
Da lei da lama.
Quero ver quem faz
Mais perfeito que isso
Quero só ver.
Quem é que me diz
Do que que é feito o som
E de que som é feito o amor
Quem é que me diz
Quantos caminhos um destino tem
E quantos destinos uma vida encara.
Quem é que vai me dizer
Porque que o mar muda de cor
Daonde que o sol faz o sabor
Qual o verdadeiro remédio pra dor.
Me dá algo mais perfeito que isso
Se é que há
Me dá qualquer coisa mais certa
Mais especial
Que morrer lutando pelo sonho.
Ah meu sonho absurdo
Oblíquo quem sabe obtuso
Ah minha sina forasteira
Estrangeira em toda parte
Sou um pródigo que nunca deixou o lar
E tufões fabulosos fazem minha colheita por mim.
Quero ver quem faz melhor que isso
Quem arranca o gemido na unha
Quem partilha o pão com o indigente
Quem é nato aos mergulhos no inferno
Quem samba em jejum e desiste do beijo
Quem odeia direito pra poder amar com tudo.
O sino soou
O sal assou
O sol sarou.
No chiqueiro
Dos donos do mundo
Discutiam novas leis
Planejavam os séculos por vir
Já nem viam mais a escravidão
Criam tolos já que o mundo
Era a eles submisso por opcão.
E no festim de luxúria incólume
Entre selos pitos e bitocas
Os pobres coitados batucavam
Celebravam o dia da ternura
Como celebravam todos os dias
Foices de berros histéricos rasgavam o ar
A tribo abjeta gritava urras de perdão
Fazendo mandingas e capoeiras pérfidas
Irretocáveis agitando vida inédita no vão do museu.
Quero ver quem
Quem é que faz
Mais perfeito que isso
Mais perfeito que
Saber tanto assim
Por só saber respirar.
Meu avôzinho diria
Que sou sensível demais.