NOTURNO
NOTURNO
Joyce Sameitat
A cada madrugada eu inteira me desfaço;
Em meio as suas constantes brumas...
Quando vem chegado a noite me refaço;
Como que coloridas e voláteis plumas...
Mais do que o dia o noturno me atrai;
Pois tudo é mistério e fica velado...
Lá vem uma estrela que agora cai;
Bem no meu coração tão ensolarado...
Como grande lanterna passeio brilhando;
No diamante lunar que em mim se reflete...
O coração ao meu redor sai de leve andando;
Enquanto o ser de toda realidade esquece...
Eu de mim própria sou como memorando;
Já que saio sem a companhia da razão...
A alma é quem vai me lendo e passando;
O que já nem sei se é realidade ou ilusão...
O coração que agora está marejando;
Me faz seguir sem uma rota traçada...
Porquê na verdade ele está é procurando;
Minhas emoções que estão trancadas...
E em si próprias contra a maré remando;
Já que para elas a realidade é um nada!
Mas preciso delas para ir aqui navegando;
Pelas dificuldades que me são colocadas...
Me vem uma brisa suavemente anunciando;
Eis que está chegando a nova madrugada...
O coração e a alma em mim vão se juntando;
Aguardando uma próxima noite enluarada...
E eu continuarei como sempre aqui lutando;
Contra as coisas do mundo que querem me ter;
Que a muitos corações estão empedrando...
Mas a mim ele isso não poderá mesmo fazer;
Continuo fluindo e a tudo que vejo amando...
Para na outra vida quem sabe eu renascer...
São Paulo, 06 de Abril de 2010