O MENSAGEIRO CIBERNÉTICO
Quando as flores estiverem cansadas
As pétalas secas e enrugadas
Quando tuas mãos não puderem mais com a enxada
Deixa que eu pego na rudia
Lá nas terras do sertão
Na serra da barriga magra
O mensageiro cibernético segue aquela estrada
E depois da primeira dobrada
Avista a casa de Maria
Então anuncia pra minha amada
Que na noite do encantamento
Quando a lua embuchada
Aparecer no firmamento
Nós vamos fazer a última cantoria
Não esqueça também de dizer
Que a flor murchou
Que a água findou
Que a palma secou
E que os zóios do boi
É uma tristeza só
E se não for por demais judiá de tua rudia
Segue o caminho dos pés de mulungu
Onde é a morada dos urubus
E anuncia na vila de Zefinha
Quando será a noite da última cantoria
Não esqueça, também, de trazer uma cachaça boa
Pra nois embebedar a nossa tristeza
E quando no terreiro, a fugueira estiver acesa
As fumaças vão levar pro céu a nossa cantoria
E as nuvens juntas vão dançar uma dança vadia
Dancem vadias!
Quando elas estiverem bem cansadas
Maltratadas feito a mão do lavrador,
Da viola vai sair um canto
O canto da despedida
Meu senhor, minha senhora,
Mas de uma tristeza tão desmedida
Que as nuvens vão chorar
Pra gente rir!