Nas Rodas do Mundo
Afiar as facas,
lustrar as armaduras e os punhais.
A vida é uma luta contínua.
Zonzos, giramos nas rodas do mundo.
Qual herança deixar para aos descendentes?
Um século sem luzes? Um pensamento torto?
Nos ares, deixo alguns poemas
e a esperança num dia-a-dia
sem sangue, fúria e fogo.
Ainda adormeço sobre rendas francesas
e sonho outonos molhados.
As tardes sorvem o sumo das folhas
e nenhuma lágrima guardo
para chorar amanhã.
Não quero condolências
quando meu corpo cumprir
a funérea missão.
Quero seguir as nuvens,
ouvindo sinfonias:
Bach, Beethoven, Mahler,
Chopin e as rosas cálidas
na voz de Cartola.
Quero sossego numa noite azul.
Deus ainda espera-me e sorri.