Nas Rodas do Mundo

Afiar as facas,

lustrar as armaduras e os punhais.

A vida é uma luta contínua.

Zonzos, giramos nas rodas do mundo.

Qual herança deixar para aos descendentes?

Um século sem luzes? Um pensamento torto?

Nos ares, deixo alguns poemas

e a esperança num dia-a-dia

sem sangue, fúria e fogo.

Ainda adormeço sobre rendas francesas

e sonho outonos molhados.

As tardes sorvem o sumo das folhas

e nenhuma lágrima guardo

para chorar amanhã.

Não quero condolências

quando meu corpo cumprir

a funérea missão.

Quero seguir as nuvens,

ouvindo sinfonias:

Bach, Beethoven, Mahler,

Chopin e as rosas cálidas

na voz de Cartola.

Quero sossego numa noite azul.

Deus ainda espera-me e sorri.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 02/04/2010
Código do texto: T2172998
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