O BEIJA FLOR NA LUA CHEIA

Retornava da Serra do Condado,

Outra maravilha de Itambé, recanto por Deus abençoado,

No momento da mística transição do entardecer

Para o misterioso anoitecer.

Havia feito momentos antes, meus agradecimentos e saudações

Pelo dia, ao Sol que se punha num crepúsculo de radiantes emoções.

Do alto da serra virei ao poente

Para dar boas vindas à Lua que surgia com sua magia transcendente.

Me vislumbrei com a beleza da Lua

Que surgia por detrás das montanhas, brilhante e nua!

Despontava linda daquele mineiríssimo e ondulante mar de montanhas,

Irradiando pureza, brilho e anseios de sua nudez em minhas entranhas.

Vislumbrei ainda mais vendo surgir por detrás de uma rocha imponente,

Majestoso e repentinamente,

Um alvoroçado e angelical beija flor

Que no ar pairou, ruflando sons do Criador.

O beija flor, à minha frente, momento insano!

Eu de frente prá Lua cheia, n'outro plano!

O beija flor parecia estar

Bem no meio da Lua cheia. Eu ali a extasiar!

Às minhas costas, lembranças do Astro-Rei

Contornavam a silhueta das montanhas por onde sempre andarei.

À minha direita, a corcovada Serra do Condado,

Onde o dia eu havia passado.

À minha esquerda, com sua altitude e imponência,

A silhueta do Pico do Itambé em sua elevada protuberância.

Ao alto, um sublime beija flor

Emoldurado pela Lua no seu mágico esplendor.

Abaixo de mim, a Mãe Terra, com seu bondoso coração

Acolhia meus pés, estáticos, grudados no chão.

No centro da Lua cheia,

O beija flor acima d'uma florida candeia,

Emitia auspiciosas mensagens

Atingindo todas as minhas engrenagens.

Os sentidos? Cada qual com uma distinta manifestação:

Tato, estático! Paladar, exuberante! Cósmica a intuição!

Olfato, mágico! Audição, envolvente!

E por fim a visão transcendente.

Tudo era simplesmente mágico,

Foi tanta magia que fiquei todo estático.

Não sei quantos segundos ou minutos

Durou aquela cena de encanto e poder absloutos.

Falando, pode-se até alguém imaginar,

Contudo, vivenciando é difícil de se explicar...

Se nunca um prêmio milionário eu ganhar,

Não terei o que materialmente reclamar.

Pois esta cena mágica, de valor inestimável

Foi um prêmio espiritual, dado a mim com amor incomensurável

Na Lua cheia, pelo enviado anjo beija flor

Que trazia mensagens de amor.

O beija flor no centro da Lua cheia,

Visão divina que à alma incendeia.

Quando à este mundo retornei

E da máquina no bolso eu lembrei,

Já era tarde demais, o poder ali manifestado,

Já havia sido pelo Poder Criador, totalmente deletado.

Aquela transcendente cena que se passou,

Somente em minha memória ficou,

Não foi possível fotografar,

O permitido foi descrever o beija flor na Lua cheia, em pleno ar...