PEDRAS...

PEDRAS...

Joyce Sameitat

Pelas matas e florestas;

Minha vida eu perfumo...

Ouvindo sons de festas;

É para eles que rumo...

Em sonhos abandonei;

A cidade em que vivo...

Eu mesma já não sei;

Desta selva o motivo...

Toda feita de pedra;

Cheia de edifícios...

Nenhum sonho medra;

Há muitos artifícios...

Nem vejo estrelas mais,

Neste céu de poluição...

Meus olhos são vendavais;

Na cegueira em que estão...

Quero seguir as plantas;

Andar na areia do mar...

Sentir em horas santas;

A vida a me abraçar...

Tomar banhos de areia;

Também alguns de luar...

Ver-me qual uma sereia,

E nas águas afundar...

Olhar o ocaso colorido;

A minha face beijar...

Sentir em meus ouvidos;

O vento a sussurrar...

Meu ser todo perdido;

Na lua a se espelhar...

Num coração escondido;

Mas a tudo espionar...

Eu quero a vida sentir;

Vendo dela o amor...

E não mais me iludir;

Com tão falso sabor...

Das coisas ditas fúteis;

Que ficam a se apresentar...

Em vitrines tão inúteis;

Que não pretendo comprar...

Quero a alegria plena;

Entre pedras não encontrei...

O coração sai de cena;

Fica só com o que sonhei...

Da cidade tão terrena;

Não enxergo mais nada...

E sem nenhuma pena;

Dou-lhe uma bela pedrada...

São Paulo, 22 de Fevereiro de 2010

Joyce Sameitat
Enviado por Joyce Sameitat em 30/03/2010
Código do texto: T2167114