OUTONO

OUTONO

Joyce Sameitat

Mãos de prata ingênuas e aveludadas;

Percorrem o solstício que já passou...

Atraem para si as folhas avermelhadas;

Deste outono que recentemente chegou...

Árvores como que entre cruzes e espadas;

Voltam ao longínquo passado que adormeceu...

Brilham ao sol entre as partes azuladas;

Que do céu ainda pouco num laivo apareceu...

E toda a fantasia que ora corre bem solta;

Escorre o seu sumo em meu coração...

Chegou há pouco no outono envolta;

Anunciando em conjunto a nova estação...

Meus lábios pela chuva de cinza pintados;

Cantam com os ares uma solene canção...

Que levam os galhos recém imolados;

Em águas que fogem correndo num arrastão...

Eu mesma não sei o que em mim prevalece;

Se é este outono que chegou meio atrasado;

Ou se é a primavera que já em mim floresce;

Tentando recuperar meu coração devastado...

As mãos me seguram e ao ar me elevam;

Mudando minha emoção para paisagens...

Enquanto que os meus olhos se enlevam;

Ao enxergar amor nestas outras paragens...

São Paulo, 28 de Março de 2010

Joyce Sameitat
Enviado por Joyce Sameitat em 28/03/2010
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