AMOR DE CAPA E ESPADA

Eu era recém chegado da vida de outrora
Tinha quatorze anos e a solidão dos oceanos
Naqueles dias de incertas, certezas,
Uma certeza era perene,
No dia; comigo mesmo apalavrado,
(dia de dor aguda e de saudades de quem fui)
Eu iria a ponta da galhetas,
E após ligeira caminhada monte acima
Veria o mar; não o mar visto da praia,
Que mesmo que tão belo quanto,
Não era o mar visto do meu monte,
Lá em cima, era eu, meu monte
O mar o céu e o vento
E a solidão... No permeio!
E ninguém me veria chorar;
Nos alfarrábios medidos
Cruamente vertidos
Para o papel desmelindrado
Que logo seria por mãos arrependidas
Esmagado e esquecido,
AH! Eu era poeta das pedras e das águas claras.
E de livros nunca escritos

Demorei-me em voltar,

(a ser o poeta das águas claras)


E o infactível se deu
Passos largos, coração contristado, lá vou eu
E vejo,
Com olhos de abismo
Meu monte morto e as galhetas sem ponta
E o mar substituído por roto
Mas bem disposto trator
De pás largas e sorriso grotesco

E desde então é findo meu amor...
Por homens que impõem verdades
E empunham bandeiras alvissareiras

Nas galhetas nunca mais voltei!
Da poesia o que sei... O que sei....







IMAGEM: CARLOS AUGUSTO MAGALHÃES
Praia das Asturias - Guarujá
Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 28/03/2010
Código do texto: T2164141
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