Rosas no Asfalto

Há canções compostas

para suportarmos o medo e a dor.

Há o desejo de permanecer

com os olhos bem abertos,

para enfrentar o esquecimento.

Há um vago gesto em círculo

a traçar os rumos do tempo.

Recolhidos, sentimos na pele

a mudança dos ventos.

Há poesia no movimento dos automóveis.

Buzinam, levantam a poeira,

adubam as rosas no asfalto.

Há uma lágrima na saia da moça.

Aérea, espera o amor.

Sem flores, carrega no olhar

as águas dos rios límpidos.

As manhãs são as mesmas.

Só os homens fabricam pensamentos

e esquecem o milagre

da multiplicação dos peixes.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 28/03/2010
Código do texto: T2163935
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