SUFOCO

SUFOCO

Joyce Sameitat

Ai que o meu coração me consome!

Tamanha é a chama que nele arde...

Com força misteriosa que não tem nome;

Que sempre me pega no final da tarde...

Sigo nas manhãs por vidas paralelas;

Que ao meio do dia em nada redundam...

Mas teimo em desfilar por passarelas;

Que com furor para novos tempos rumam...

E ao chegar a noite pura, limpa e clara;

Admiro o manto de estrelas que lhe atapeta...

Com olhos enormes em uma face aluada;

Envio sua imagem para a alma que enxerga...

E nesta escuridão de luz bem plena;

Navegam meus pensamentos tão ermos...

Então o mundo muda... Eu sou apenas;

Um sonho contrário a muitos pesadelos...

Apresenta-se então a notória madrugada;

Trazendo de volta a tão sutil realidade...

Que me faz sentir um tanto sufocada;

Pois que vejo do tempo sua precariedade...

E sinto no tudo que sou apenas um nada!

São Paulo, 15 de Março de 2010

Joyce Sameitat
Enviado por Joyce Sameitat em 21/03/2010
Código do texto: T2151633