NEXO

NEXO

Joyce Sameitat

Tem dias que procuro dos sentimentos o nexo;

Sem conseguir encontrá-los entretanto...

Talvez ao coração eu os ache em anexo;

Pois é nele que residem os seus encantos...

Me viro do avesso para olhar o reverso;

Porém só vejo luminosidade embaçada...

Para o lado certo então eu regresso;

Ao som do ocaso que toca a alvorada...

Com meus sentimentos eu me desentendo;

Ou são eles que fazem isto comigo?

Misturo-me ao pôr-do-sol com ele ardendo;

Tentando queimar o que me é inimigo...

Sentimentos conturbados pela falta de lógica;

Que deixam minha alma meio que aos pedaços...

Enquanto que numa ordem um tanto aleatória;

Vou caçando dela os grandes e pequenos cacos...

Procuro me localizar em meu ser tão complexo;

E me desoriento pelas suas sombras fugidias...

Tudo neste mundo ultimamente me é sem nexo;

Como um grande carnaval com suas alegorias...

Com encontrões derrubo muros;

Procurando da vida a beleza...

Mas ela agoniza bem no fundo;

Da minha tão humana natureza...

E neste passar tão breve do tempo;

Que quando se faz noite já vira dia...

Me faz lançar sem querer ao vento;

Todas minhas ilusões e fantasias...

Só resta em mim o lamento;

E uma parca euforia...

Que caço sempre ao relento;

Para que a alma sorria...

Deitada no côncavo da lua;

Olho do sol seu convexo...

Que ilumina algumas ruas;

Como eu... Também sem nexo...

São Paulo, 10 de Fevereiro de 2010

Joyce Sameitat
Enviado por Joyce Sameitat em 21/03/2010
Código do texto: T2151627