ANOS CÉLERES
ANOS CÉLERES
Joyce Sameitat
Os anos passaram por mim voando;
Como se fossem apenas mera ilusão...
Na penumbra cinzenta vou pensando;
Que muitos instantes se foram em vão...
Me descuidei bem dos minutos que tenho;
Aqui sempre a minha inteira disposição...
Agora que é muito tarde requerer eu venho;
Que os que vierem eu sinta no coração...
Pretendo com eles fazer um bom novelo;
Usando-o a cada dia tecerei minhas vias...
Com a alma de criança vindo primeiro;
Puxando do céu suas loucas fantasias...
Porquê de adulta eu só tenho o corpo;
Os sonhos que me movem são ilusões...
Que gotejam em mim como que soro;
Aproveitam para matar assombrações...
Mas noto que o tempo me é inexorável!
Pois enquanto estou aqui escrevendo...
Já voou por mim e de forma notável;
Mas nada dele eu pude ficar retendo...
Eu sinto o quanto ele me é invisível;
Não se deixa em armadilhas cair...
E do meu lindo bordado incorruptível;
Ele me obrigou sorridente a desistir...
Escoa qual areia entre minhas mãos;
Mas diz que meu ser está guardando...
Já impermeabilizou bem meu coração;
Que cada vez mais jovem vai ficando...
Porquê da minha vida toda a canção;
Em uma luz pura vai se transformando...
E neste ele não pode entrar ou tocar;
No fundo dele nem eu posso sondar...
Diz o vento em voz leve entoando!
São mistérios que rondam pelo ar...
Mas nunca a mim se manifestando;
E de novo eu não vi o tempo passar...
São Paulo, Outubro de 2009