Darandinando

Flores feridas ao mar

Disse A Deusa Iemanjá -

Frutos estranhos.

Estanho e cobre da musa

Em meu hálito adocicado pela ternura da alva cútis

Minha mãe meu pai os bichos vivos todos que jamais viveram

Reto numa linha torta entrózo e gozo troçando trocando trocando.

Troco os cimos pelos baixos

Os certos pelos gôxes

Vou de dicionário debaixo do braço aporrinhar o apologista propedeuta -

Quem sabe até me ensino a rir de mim

Me ensino a rir por rir -

E o sinistro radar fustiga

O Tudo em torno de mim

Este multiverso que a mim cabe

Como fases entrecruzando em transientes calibrados

Esta vida toda em torno de mim a desenlaçar dum sonho supremo.

Me vejo objetivamente estéril

Acolhendo novamente o místico em mim

Mas não como uma criança acolhe brincadeiras -

Muitas pontes perigando as exíguas certezas do maturado.

O futuro é um só porém realmente livre e infinitamente improvável.

Quem poderia afinal calcular?

Ah sim grandes máquinas podem responder este tipo de questão pra nós.

O óbvio

Tão avassalador

E também tão tranquilizante -

Ah O Grande Óbvio

Como brilha

Um Sol Virgem

Esta Realidade

E afinal que outra senão Esta certo?

Ah

Se ouves o canto secreto da grama

Se danças à valsa do ar -

Ah se danças à valsa do ar

Quanta gratidão

Quanta perfeita gratidão.

Braços espalmados retezando um coração

Esta emoção tão sutil

Quase imperceptível

Ah funesta desalegria!

Quase imperceptível!

Ah

Por quão pouco não se sujeitam -

Mas não quero insistir nisso como bem sabem.

Percebe-se bem sua face

Em casos raramente.

Uns têm sortes de se envenenarem vagarosamente

E notam os solavancos crendo em inspirações

Há os que se envenenam de estímulos

E há a redenção do vermelho solar.

Há a salvação da música

A salvação da sincronia da emoção

Numa canção.

Meu coração canta sem folga

É um canto de pardal.