SEPARAÇÃO...
Chegou sutil, suave e mansa
Com um hálito de framboesa
Roçou os lábios em minha boca
Sussurrou-me palavras roucas
E declamou seus versos soltos
Acordou feras de múltiplas fúrias
Deixando a pele como um veludo
Fez de meu corpo o seu escudo
Depois deitou um olhar lânguido
Numa volúpia de causar espanto
Ambiente dominado agora é seu...
Faz dele como se fosse uma alcova
Espremeu todo o néctar da uva
Perscrutou uma a uma as células
Liberou seu canto de liberdade
Como no vôo de uma libélula
Foi um oásis no meu deserto
No mais refinado amor intenso
Sem temores e nem percalços
Estremeceu os meus alicerces
Esmiuçou todos os labirintos
E agora não há mais reverso
Queimou o fogo do universo
Doou o que há dele no berço
E me deixou no alvoroço
Depois rezou uma prece
No silêncio desaparece
Quem sabe ela não volte?
Ah! Perdoa o impulso... Poetisa doce!
Hildebrando Menezes
Nota: Inspirado em “MORADA” de Luciana Lopes