UM E OUTRO
UM E OUTRO
Joyce Sameitat
Asas de águia num corpo diferente;
Vulto de esfinge cruzando os ares...
Embaixo do sol escaldante de quente;
Que adentra até os grandes quasares...
Ogiva nuclear que ao céu todo ronda;
Esparramando nos mares sua sombra...
Beija aos céus mas na terra é que mora;
Sai sempre a noite e volta com a aurora...
Carregado que é de muitos sentimentos;
Parece que pesa mas não tem peso...
Corre muito veloz nas ondas do vento;
Passa por tudo e sempre sai ileso...
E daquela que voa é o pensamento!
Porque tem este outro ser que o escora.
Puro desatino para os que não sonham...
Mas em todos os seres ele por força mora;
São meio ligados embora não se ponham;
Emparelhados como que um órgão só.
Se complementam e são baqueados...
Choram as mesmas dores, é de dar dó;
Quando se sentem diria... Contrariados...
Em suas emoções que soltas navegam;
Tentando sempre mais alto voarem...
São coerentes, um ao outro não negam;
Vivem como que um só a se cuidarem...
Asas que estão sempre a alma ligadas;
Mas que puxam ao coração consigo...
A primeira voa e está sempre antenada;
Para que o segundo não corra perigos...
Alma... Pássaro que por vezes flutua;
Envolvendo com suas asas o coração...
Sempre um ou outro a mim tumultua;
Fazendo com que eu quase perca a razão...
São Paulo, 17 de Março de 2010