NA CALADA DA NOITE

NA CALADA DA NOITE

Joyce Sameitat

No encontro cismado que a vista está a olhar;

Percorre da noite as incessantes sombras claras...

Grita a alma toda solidão para extravasar;

Sua tão pálida, hostil e indiferente morada...

Cubro o coração com as águas do mar;

Para que não ouça o que ela fala...

Até que eu mesma seja marulhar;

Cuja boca se fecha com força e cala!

Vem o luar bem perto de mim chegando;

Entre nuvens imensas ele se intercala...

Ao meu corpo todo vai vagamente prateando;

E puxa também a alma que perfume exala...

Mas adornada do forte cheiro de maresia;

Mergulhou atrás do corpo assustada...

Mas eu mais ainda com sua gritaria;

Que balançou até a noite estrelada...

Tolheu dos meus pensamentos a rebeldia!

Porém agora tudo virou enorme calmaria.

Vejo a minha frente uma lua assombrada...

Que sem eu saber... Devagar me perseguia;

Está que nem eu totalmente mareada...

Mas com mais coragem do que eu teria!

Meus sentimentos explodem inquietos...

Ante sua bela imagem, porém tão fria.

E falam-se em um estranho dialeto;

Que o coração entender não ousaria...

Na calmaria que se segue então;

Minha alma me coloca da conversa a par...

Jamais sofrerá novamente de solidão;

Pois terá sempre por companheiro o luar...

Que a noite trará em suas próprias mãos!

São Paulo, 19 de Fevereiro de 2010

Joyce Sameitat
Enviado por Joyce Sameitat em 17/03/2010
Código do texto: T2143865