Cilada

Numa tabacaria oriental o chinês com seu bigode cumprido dormitava

As tranças de Sansão roubadas no escalpelo da noite por sua Dalila

Os treze juncos tão juntos dos cascos das tartarugas que sustentam o mundo

Orgias de coelhos albinos nossas telefonias nossas condutas e emendas.

Tão fina a linha

Transbordando anonimato pra ambas as bandas

Tão fina a fronteira

Entre o condicionado empacado e a ave livre.

A Grande Saúde -

É o que convém deletrear

E então espavitado reverberante dando graças à minha mesma obra

Uma loucura transgênica evitando cefaléias e pudores crônicos

Um horizonte imprevisto até indesejado exigindo a força.

E o solista flutua

Sua orquestra intangível levitando-o na antigravidade do tom

Salvas de fogos de artifício espectrais nos sinergizando no mantra do inevitável eterno.

Estompe estompe grita o tendão de Aquiles no saltitar do bailarino

Picote nela no banheiro do botequim pra ficar com gosto de quero mais

As molhadeiras e as febres as andanças os sonhos nossos filhos e além

Pego o bonde andando abrupto e ainda dou tchauzinho pra rir sozinho

Quero porquê sou esta coisa que sem querer termina por muito querer.