FUGIDIO
FUGIDIO
Joyce Sameitat
Meus sonhos me olham frente a frente;
Com expressão que não sei decifrar...
Mesmo em meio a um monte de gente;
Não deixam de sériamente me fitar...
Caminho meio aérea e evanescente;
Como que se fizesse parte de um...
E meu ser sem sentir até que sente;
Que não estou indo a lugar nenhum...
Meus olhos fixam um punhado de nada;
Enquanto meu ser que já é bem aluado...
Em punhados de poeira etérea, resvala;
Está se desfazendo meu mundo sonhado...
A solidão de uma multidão acompanhada;
Bate a minha porta com muita insistência...
Sua fisionomia se mostra bem desvairada;
Enquanto meus olhos são pura dormência...
Trago algo fugidio em meu cerne fremente;
Que embora queira não pode se manifestar...
Cá estou eu cercada de algo que até sente;
A alma em queda tentando se levantar...
Tudo que vejo é fugidio;
Me tolhe sem razão...
Sou alguma parte do gentio;
Que trafega sem ilusão...
Minha mente sofre o estio;
De sonhos que só se vão...
São Paulo, 12 de Março de 2010