FUGIDIO

FUGIDIO

Joyce Sameitat

Meus sonhos me olham frente a frente;

Com expressão que não sei decifrar...

Mesmo em meio a um monte de gente;

Não deixam de sériamente me fitar...

Caminho meio aérea e evanescente;

Como que se fizesse parte de um...

E meu ser sem sentir até que sente;

Que não estou indo a lugar nenhum...

Meus olhos fixam um punhado de nada;

Enquanto meu ser que já é bem aluado...

Em punhados de poeira etérea, resvala;

Está se desfazendo meu mundo sonhado...

A solidão de uma multidão acompanhada;

Bate a minha porta com muita insistência...

Sua fisionomia se mostra bem desvairada;

Enquanto meus olhos são pura dormência...

Trago algo fugidio em meu cerne fremente;

Que embora queira não pode se manifestar...

Cá estou eu cercada de algo que até sente;

A alma em queda tentando se levantar...

Tudo que vejo é fugidio;

Me tolhe sem razão...

Sou alguma parte do gentio;

Que trafega sem ilusão...

Minha mente sofre o estio;

De sonhos que só se vão...

São Paulo, 12 de Março de 2010

Joyce Sameitat
Enviado por Joyce Sameitat em 14/03/2010
Código do texto: T2138126