PÉROLAS E OSTRAS
O silêncio do meu quarto me faz refletir
Desperto e sinto-me como uma ostra
Aproveito-me dessa fria chance
Repenso cada passo que por mim foi dado
Aqui no recôndito do meu canto
Escutei os teus soluços e o teu pranto
E venho para lhe dizer sem medo meu encanto
Que para tudo é dado o seu momento
Meço em centímetro todo o meu pecado
Vejo que quando eu mais me doei só tropecei
Por entre pessoas e situações adversas
Fui protagonista de uma antítese
Repensar os seus instantes
É saber pra onde ir e enxergar adiante
E como é vibrante e comovente
Descrever o que se sente
Numas dessas percebo reconhecimento
E noutras decepção em forma de promessas
Sei não haver para os desencantos uma só explicação.
No entanto, eu devo ter errado na mão
E me perdoe à cruel sinceridade
Mas não vejo aí nem adversidade
Quando se ama assim de verdade
Ostra e pérola é uma só concretude
Talvez eu tenha posto um ingrediente
A mais na receita que criei
De repente ouço uma voz que diz:
- Acorda pra vida poeta!...
Da união dos diversos fragmentos
Com suas características e simplicidades
Para ser assim tão bela... A pérola...
Precisou da ostra arranhada
É hora de sair da concha em que estás!
Conseguirei livrar-me dessas tais feridas?
Será, mesmo, necessário eu machucar
A ostra pra retirar a pérola?
Da mesma forma que a semente
Precisa morrer para a planta nascer
A ostra precisa sangrar para a pérola viver
Um há sempre que ceder para o amor crescer
Nesse mundo...
Muitos contemplam a beleza da pérola;
Poucos avaliam o sacrifício da ostra
Como a poesia precisa do poeta
Com seus rabiscos e suas teses
Sonhe que é de fato a síntese
Da junção dialógica de uma prece
A tese com a antítese
É apenas uma breve elucubração
Porque o que há na sua emoção
É a delicadeza refinada da reflexão
Dueto: Malu Monte e Hildebrando Menezes
Nota: Inspirado no poema original “COMO OSTRAS E PÉROLAS”
de Malu Monte publicada no Mural dos Escritores
http://muraldosescritores.ning.com/profiles/blogs/como-ostras-e-perolas-malu