COMO DIRIA LENINE

“Hoje eu quero sair só”,
Como diria Lenine,
Quero ter o direito,
De fazer um vôo sublime,
No meu (uni)verso imperfeito,
A noite é flama,
E uma dama gentil,
O vento assobia,
Sussurra poesia,
“Alua me chama”,
Derrama harmonia,
Faz de mim sua foz.
Hoje eu quero ter o perfil,
De um lunático andarilho,
Ser o nobre filho,
Da misteriosa loucura,
Livre das rasuras,
Da densa realidade,
Das atividades,
Pluralmente capitalistas,
Da enorme lista,
De deveres.
Hoje eu quero ser egoísta,
Encantar os seres,
Adormecidos no breu,
Do meu interior,
Transpor os limites,
De tudo que existe,
Na inquietude do eu,
Dar a alma um presente,
Um transparente amor,
Transcendente.
Não, não diga nada,
Não me siga, não insista,
Não se desespere,
Apenas me espere,
Eu volto no limiar da alvorada.