POEMAR... SEMEAR!
Poemar é parir palavras,
Desenhadas com artimanha
Outras apenas concebidas
Na inspiração dos sonhos
Gerá-las nas entranhas
Na melhor das manhas
Como quem, a terra, lavra,
Cultivadas com carinho
Até libertá-la - libélula -
Que voa pelo horizonte
Pousa ali adiante
E singra os mares
Cria recém-nascida,
Chora, ri e grita
E que berra,
O que ela quer é ser ouvida
Na ausência da fala,
Ensaia sua linguagem
Para mostrar a linhagem
A dor sentida
De quem está na vida
Diante de realidades
inóspitas e estranhas
Se despe... Se mostra!
Poemar é tirar da palavra,
A seiva que escorre
Antes anódina e disforme,
Depois vestida...
Nos conformes
Que desfila e perfila
Variados sentidos,
Líricos ou trágicos
Do poema,
Seja lá qual for o tema
Ela tem o seu cuidado
Tarefa de mãe extremosa,
Que o feto nutre
Pela doçura do afeto
Como alimento mágico,
Nutriente indispensável
Puro, valioso e saudável
Livre de toxinas,
Rico de proteinas
Do próprio ser extraído.
Pelo leite materno
Poemar é tarefa sublime,
Com ou sem as tais rimas
Que medra afetuosa,
Nos labirintos escorre insinuosa
Em jardim onde não se supusera,
Se aquieta e se agiganta nas esperas
É planta que nasce no muro
A envolver e subir alicerces
- hera - uma-a-uma,
Exemplar rompendo as eras
com alegria,
em surdina,
Poesia meio divina
Animal ornitológico,
Que possui a sua lógica
Com olhos de águia
Espécie de lealdade canina
e dentes de tigre.
Poemar é saber conjugar
E declamar o verbo amar!
Dueto: JL Semeador e Hildebrando Menezes