Morrer e viver

Morre a flor,

a criança,

o jovem,

o adulto,

o idoso...

E nasce outra flor,

outra criança que floresce ou não

que morre ou não,

agora ou depois, não há jeito...

Não sei porque a flor

a criança, o jovem, enfim,

porque morrer?

pra que nascer?

A semente sob a terra,

semeia, germina, nasce, cresce...

se é boa, é colhida, aproveitada de uma ou

outra forma: espalha-se, nasce, cresce, morre...

A gente nasce,

cresce se possível for

viver não figura nos planos,

apenas dormir, acordar, trabalhar...

A criança deve vir,

há que seguir a prole

apesar de tudo

com o tempo aprenderá a semear

E bastará tão somente

abrir uma caderneta de poupança

para seu futuro, e morre-se tranquilo

pois, ela estará assegurada...

A juventude cresceu,

agora corre de tudo e de todos

quer desafiar a vida, namorar a morte,

pois, talvez isto seja o viver, quem sabe?

Se sobrevive,

morre a vida

que ficou com o tempo

roubado pela exclusão

Se morre,

só se sabe recordá-la como louca,

que não quiseram ser, ou não tiveram

coragem suficiente, ou foram calados pelo sistema

Morrer, também como poderia o mundo

suportar tantos bilhões de pessoas

sem ter trabalho, lar, escola, hospital

como ousariam viver?

Importa, entretanto, saber

o porquê, para que,

para onde,

e o depois...

AjAraújo, o poeta humanista.